Obelisco e Largo da Memória

Qual memória?

Texto: Isis Kanashiro J. A. Soares. Modelagem 3D: Beatriz Barbosa de Lima, David Atalla Aly. Pós-Produção: Luís Felipe Abbud, João Generoso Gonzalez

Em 1814, São Paulo recebeu seu primeiro monumento, um obelisco acompanhado de um chafariz, implantado no ‘Piques’, um largo dotado de uma bica, onde os tropeiros paravam para dar água aos seus animais e era feito o comércio de escravos na cidade. Um século depois, o largo, renomeado ‘da Memória’, passou por uma reforma urbana, quando ganhou um pórtico decorado com um painel de azulejos e um novo chafariz, desenhado pelo artsita Jose Wasth Rodrigues, autor também do brasão da cidade de São Paulo. Projetado pelo engenheiro Victor Dubugras, o novo marco da cidade fazia parte do conjunto de monumentos dedicados à celebração do Centenário da Independência. Dedicado ao Zelo do Bem Público, o Obelisco do Piques e o Largo evocam a memória de todos que têm suas vidas inscritas ali: dos tropeiros que o usavam como ponto de parada e matavam a sede de seus animais no chafariz e dos escravizados que foram ali comercializados como mercadoria aos que hoje sambam nos bares à volta e os que dormem naquele chão. Em 2021, em meio à pandemia de Covid-19, 500 velas foram acendidas nos degraus do Largo, uma para cada mil pessoas que morreram no país vítimas da doença, por manifestantes que protestavam pelo afastamento do presidente em ofício.