A Inteligência Artificial (IA) demanda banco de dados organizados para os processos de aprendizado de máquina. Para isso, empresas utilizam legiões de trabalhadores remotos que, em plataformas online como a Amazon Mechanical Turk, são encarregados da organização dos dados. Esse trabalho é feito de forma precarizada e descontextualizada.
Na contramão desse processo, partimos de um recorte da coleção do Museu Paulista, focando as obras e a documentação iconográfica adquiridas e produzidas no período em que Afonso Taunay foi diretor do Museu. A partir desse conjunto, desenvolvemos uma metodologia para a catalogação de suas imagens.
Ao longo de dois meses, alunos da FAUUSP trabalharam com docentes da faculdade e pesquisadores do GAIA / C4AI, para mapear as áreas das obras de arte da coleção que permitem compreender alguns elementos do imaginário do colonialismo e suas projeções estéticas.
Esse mapeamento constituiu o dataset (conjunto de dados organizados) utilizado para o desenvolvimento de três experimentos baseados em aprendizagem de máquina:
- Naturezas numéricas: trabalho feito com os céus e as paisagens da coleção do Museu Paulista
- Arqueologia das cores: uma proposta para outro modo de ver obras do Museu a partir de suas paletas mais marcantes
- Paisagens possíveis: resultados do cruzamento das categorias do nosso dataset sobre o Museu Paulista com outra base de dados relacionada a História da Arte, o Wikiart
Além desses experimentos diretamente relacionados ao dataset, foram realizados:
Álbum Afirmativo da Cidade de São Paulo: releitura dos retratos de ex-escravizados fotografados por Militão Azevedo
Ignorância Animada: memes em que nos apropriamos do imaginário do passado para ler os absurdos do presente político do Brasil