Nascimento e renascimento em um século
Bruna Bacetti Sousa
A fonte e os chafarizes do Parque da Independência são parte do complexo arquitetônico-paisagístico inaugurado no ano de 1922. Encomendados no contexto das comemorações do centenário da Independência Nacional, foram projetados pelo engenheiro e urbanista Francisco Prestes Maia em escala e estilo monumentais. Para a implantação do projeto, Maia propôs o rebaixamento do terreno do jardim em 14 metros, a fim de evidenciar a colina onde está implantado o Museu. Os tanques foram ladeados por arbustos no estilo dos jardins franceses de Versalhes e os materiais utilizados variaram entre granito e fulget.
Os chafarizes também foram inspirados em modelos franceses. O conjunto de 18 tanques, alinhados em trios, comporta 850 mil litros de água que cai em cascata pelos patamares a partir de uma piscina situada na parte superior do terreno. Deságuam, ao fim, em uma última grande piscina com chafarizes que formam cortinas e canhões d’água.
Na década de 1970, novamente em uma efeméride – o sesquicentenário da Independência – o conjunto voltou à agenda do poder público e passou por diversas alterações em relação ao projeto original. Em 2004, em homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo, o complexo foi reinaugurado após um minucioso restauro. Na ocasião, foram removidas as alterações realizadas na intervenção dos anos 1970 e recuperadas as características originais do monumento. Dentre elas, por exemplo, os bicos dos elementos decorativos (vasos, peixes e carrancas) que foram reativados e os jatos da vasca (o fundo dos chafarizes) reprojetados para uma altura mais baixa.
Depois de um período de abandono do poder público em que a fonte e os chafarizes permaneceram desativados, o conjunto ganhará mais importância dentro do complexo paisagístico do Novo Museu Paulista. Parte do projeto de restauro e adaptação do Complexo do Museu e do Jardim da Independência, o conjunto passa a abrigar a entrada dos visitantes pelas laterais do espelho d’água no mesmo nível do parque e não mais pela escadaria.